Não é de hoje que venho observando as tentativas de
handmakers de produzir seus pedais onboard, ou seja, sem a utilização de fios
para conectar os componentes às placas. Sempre considerei interessante, mas nunca me animei a entrar por
esse caminho. No fundo achava que os fios tinham lá o seu charme, e davam um
tom mais vintage às peças.
Há algumas semanas acompanhei uns projetos interessantes,
feitos pelo Gustavo (GUGARN, lá no handmades.com.br),
todos nesse onda onboard. Como ele gentilmente cedeu os layouts de dois
pedais (um Tubescreamer e um Zero Point), resolvi testar. Já tinha meu TS9, mas
pensei: “Se ficar legal, desmancho o antigo e incorporo o novo no pedalboard.
Se der zebra, vale a experiência.”
Ah, pra quê?... Fui mordido pelo bichinho do “zero fiação”.
Juntei alguns componentes que tinha sobrando, roubei outros de projetos já
desmontados (sucata) e consegui tudo que precisava para a nova aventura.
Consegui fazer o Tubescreamer! Ficou lindo. Som ótimo, limpeza total dentro da
caixinha. Tudo de bom. Tem umas fotos aí:
Vista da placa, em fibra de vidro |
Pedal pronto e ligado |
Só não foi totalmente sem fios porque eu não tinha os jacks
P10 com rosca interna (fundamentais para soldar na placa e poder entrar na
caixa de alumínio sem travar nas laterais). O jeito foi usar jacks comuns, e
soldá-los na placa por meio de fios; mas foi só isso.
O resultado me aninou e pensei o seguinte: “se fiz um, posso
fazer qualquer outro”. De fato, se eu conseguisse um template para as peças externas
à placa, era só juntar qualquer efeito ao espaço restante, por meio de trilhas
desenhadas que fizessem as conexões.
Peguei o layout do Gustavo, e com a ajuda do CorelDraw
isolei apenas as ligações desses componentes externos (que são a chave 3PDT, os
jacks In e Out e o jack J4 da fonte) e deixei-os terminando em slots IN, OUT,
GND e 9V. Assim, basta pegar o layout de qualquer efeito e puxar as trilhas
correspondentes ao IN, OUT, GND e 9V da placa e ligados a slots que possam ser
ligados por meio de jumpers aos slots correspondentes do template.
Pronto,
teremos uma placa totalmente onboard! Restava testar se a ideia funcionaria.
Testei e funcionou!
O teste foi feito com um DOD YJM 308 Malmsteen. As fotos da
placa estão aí.
Placa em fibra de vidro |
Depois de montado, testei a placa antes mesmo de colocar na
caixa. Tudo funcionou de primeira! Fiquei animado.
Placa ligada e sendo testada "à vera" |
Os resultados nas fotos.
Vista lateral |
Vista frontal |
Agora vou partir para o teste do Zero Point Delay, que usa
uma caixa 1590BB. Depois posto o resultado.
Também estou desenvolvendo um projeto que usará os jacks P10
apontados para a lateral superior da caixa (que para mim é a melhor maneira de
arrumar na pedaleira). O template já está feito, mas falta testar.
Provavelmente vou usar um BluesBreaker Marshall pro teste, prevendo o uso de potenciômetros
mini (9 mm), do tipo que são usados nos pedais da Boss. Esse me dá calafrios.
Se der certo, UAU! Será tudo o que eu espero.
Teve “falha nossa” nesse projeto? Claro, né? Eu sempre dou
uma vacilada aqui ou ali...
O caso foi o seguinte: montei o DOD YJM308 onboard e tudo
funcionou no primeiro teste, lembram? Pois é.
Parti pra colocar tudo na caixinha. Medi os furos frontais (potenciômetros,
footswitch e led) e coloquei a placa no lugar. Hummmmm... A placa entrou justa
demais na caixa. Tudo bem. É só lixar um pouquinho a lateral da placa, com
cuidado para não encostar nas trilhas externas. Lixa daqui, lixa dali e pronto.
A placa encaixou. Furação ok, todo mundo nos seus respectivos furos.
Beleza! Então agora tem que medir e
furar as laterais, para os jacks IN e OUT e a fonte. Aí o bicho pegou. Eu não
conseguia enxergar as posições exatas destas peças para poder fazer a marcação.
Que saco!!! No fim, depois de tomar todos os cuidados, consegui fazer as
marcações a lápis na caixa. Furei. Encaixei a placa e... puta que pariu! Ficou
fora! Forcei um pouco pra ver se conseguia encaixar as roscas de fixação dos
P10. Nada, tinha uma diferença de quase meio centímetro. Não adiantava. Tirei a
placa, peguei a furadeira e fui arrombando os furos da caixa para tentar
ajusta-los à posição dos jacks. No final, consegui, mas foi tanto tira-e-bota a
placa, força aqui e ali, que acabei promovendo a segunda vacilada: mau contato
no jack da fonte. Claro que só fui
perceber isso muito tempo depois de verificar que quando a placa estava na
caixa nada funcionava. Tirava da caixa e voltava a funcionar. Olhei tudo,
revisei tudo e não achava nada. Até que num determinado momento, resolvi repassar
as soldas de todos os pontos do template. Ao ressoldar o jack de força, o
problema deixou de ocorrer. Concluí que
por ter forçado algumas vezes apoiado no jack, a solda deve ter cedido em algum
ponto. No final tudo ficou bem.
Quem quiser se aventurar, dou sinal verde. Vale a pena, pois
simplifica muitíssimo o trabalho e a margem de acerto é bem maior. Só tomem cuidado
com a furação da caixa.
Quem precisar de mais informações, é só pedir. Abç.