sábado, 8 de dezembro de 2012

HANDMADE X BOUTIQUE. O SELO TOMÁNU.

Outro dia, conversando com um amigo, percebi a diferença entre o pedal handmade e o pedal de boutique. Tá bom, tá bom... Não sou nenhum retardado, claro que não é nada tão complicado de saber. Mas o que eu disse foi que eu percebi.

O legal é que normalmente a gente começa a mexer com os pedais numa onda totalmente despreocupada e descomprometida com qualquer coisa. Se não der certo, foda-se... Aí a gente faz plaquinha, cata componentes que tenham sobrado, compra tudo bem baratinho, pra não encarecer o projeto, enfia tudo numa caixa ou lata qualquer... Afinal, DIY que se preza tem que dar aquele susto na turma: "Nossa, gastou só isso??? Muito barato. Viu só como é que neguim mete a mão?" Lógico, gastar um monte de grana num projeto que pode nem dar certo não tem a menor graça.

Hoje me dei conta disso, pois eu usei a mim mesmo como exemplo. Há tempos em fiz um pedal pro meu filho (era um projeto baseado no MXR Distorion Plus). Foi um dos primeiros pedais que fiz, se não foi o primeiro mesmo, não lembro direito. Trabalhei com todo cuidado, montei tudo numa caixa de luz tipo condulete e achei o máximo. Dei pra ele e fiquei com um RAT pra mim. Hoje ele me trouxe o pedal que estava todo desmilinguido. A solução magaiver da caixinha de luz tinha lá suas fragilidades, e acabou não resistindo e se desmantelou.

Foi assim que ele chegou às minhas mãos, para ser "consertado".




Comecei a desmontar e verifiquei - nem lembrava mais - que na época eu tinha usado uns potenciômetros xinglings, e era exatamente o que estava nesse pedal. Já que era pra consertar, vamos fazer direito. Por sorte eu tinha uns potenciômetros Alpha de sobra, que foi a conta para substituir esses fakes. Resolvi também tirar da caixinha de luz e colocar numa Hammond de verdade. Tive que desfazer a fiação e refazer, pois as dimensões da caixa obrigaram e eu não queria aquela "fiarada" infernal. Afinal esse é o padrão dos meus pedais agora.

Pô, já que ia botar na caixinha bonitinha, tinha que fazer um adesivo pra decorar a dita cuja. Daí fiz rapidinho um desenho que representava o nome que eu batizei esse pedal: "Mais!" Assim mesmo, com exclamação do fim. Já que estava tudo ficando dentro do padrão atual dos pedais que faço, decidi fazer um teste de som, para ver se não estava alguma coisa estranha. Comparei com alguns demos da internet e percebi que ele ficaria perfeito se trocasse um dos pots por outro valor. Troquei. Testei. Gostei. Montado na nova caixinha o pedal ficou assim:




Claro que tive que colocar a "marca" CLÁSSICOS que adotei para os meus pedais. E também o selo "Tománu". A historinha deste selo é a seguinte: quando um pedal fica legal, mas legal mesmo, p*ca das galáxias, ele recebe essa palavra gravada no adesivo em algum cantinho. E como é que eu sei se o pedal ficou f*da mesmo? Todo pedal que eu faço, passa por um controle de qualidade externo, ou seja, eu levo num luthier (o Rodrigo Cotia) para ser testado e surrado, por ele, pelo outro luthier que trabalha com ele e pelos guitas que sempre estão na oficina. Dependendo da reação dele e da galera, o pedal recebe ou não este selo. Hoje em dia é difícil um pedal não chegar à qualidade suficiente para arrancar os urros do pessoal, mesmo porque se eu mesmo não me encantar pelo som, nem levo pra testar. Procuro de todas as formas achar onde melhorar o resultado; já tendo acontecido de descartar um projeto e procurar outro layout que me desse o resultado que eu esperava.

Ah, e "Tománu" é uma palavra de um antigo dialeto dos povos nórdicos, que era utilizada para significar que uma coisa qualquer tinha ficado muito legal, do carái mesmo. Bem, pelo menos esta é uma versão...

Enfim, o que eu faço hoje - segundo o que o meu amigo me disse, e eu espero que sinceramente - deixou de ser apenas um DIY. Eu sempre acabo me importando com a qualidade dos componentes, com o layout final, com acabamento e com controle de qualidade. Isso é coisa de boutique.

Eu acho que todo mundo, com o tempo, vai se modificando e caprichando cada vez mais nos seus brinquedos e isso é muito legal. Quem sabe um dia não se monta uma exposição, ou coisa parecida, como já existe com carros e outras coisas, pra galera levar suas máquinas, trocar experiências e curtir uma sonzeira?


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